Inchaços e Edemas
Os edemas, também conhecidos por inchaços, resultam basicamente de um armazenamento excessivo de líquidos no organismo, especialmente água, em determinadas áreas do corpo, ou então, de forma generalizada. Neste artigo iremos explicar o que são os edemas, os vários tipos de edema, como se formam, as suas causas, e ainda, como é feito o seu tratamento.
O que são edemas (inchaços)
Um edema é o inchaço resultante de um aumento do líquido intersticial, numa área localizada, seja num tecido ou num órgão. Este aumento de líquido nos tecidos ocorre sobretudo pela alteração da pressão oncótica e hidrostática, fazendo com que uma solução aquosa de proteínas e sais minerais saiam dos vasos, passando para os tecidos. Os edemas localizados podem ocorrer em qualquer parte do corpo, mas é mais visível quando aparece nas pernas. Contudo, elas podem aparecer em qualquer órgão, havendo por exemplo edema cerebral, edema de língua, edema pulmonar, entre outros. Quando o edema não se limita a uma determinada região, ocorrendo por todo o corpo, então estamos perante um edema generalizado.
Tipos de edema
Existem essencialmente três tipos de edema, que se distinguem principalmente na composição do líquido acumulado, mas também, pela sua origem:
– Edema comum: este tipo de edema é geralmente generalizado, sendo o líquido acumulado constituído por uma solução composta por água e sal.
– Mixedema: este tipo de edema é localizado, e ocorre em situações de hipotireoidismo, sendo caracterizada por um aspeto baço na pele, e ainda, por ser duro. O líquido acumulado é composto por água, minerais e proteínas produzidas nesta doença.
– Linfedema: este tipo de edema é também localizado, e o líquido acumulado é linfa. A linfa acumula-se devido à obstrução ou destruição dos canais linfáticos. Devido à localização dos gânglios linfáticos, é mais comum este edema localiza-se nos membros superiores, como os braços.
Formação de um edema
Existem vários processos que levam ao surgimento de inchaços no corpo.
1 – Os vasos sanguíneos são naturalmente permeáveis, de forma a permitir a troca de substâncias entre as células e o sangue, e entre este e os alvéolos pulmonares. Esta permeabilidade permite também a passagem de células, bactérias e líquidos. Assim, durante uma inflamação (Leia:Inflamação – O que é, Evolução, Tipos, O que é um abscesso), de forma a permitir a passagem mais fácil das células imunitárias, como os glóbulos brancos, esses poros ficam mais abertos, permitindo também a passagem de água do plasma para o espaço intersticial (espaço entre os vasos e as células), provocando o edema.
2 – Na circulação sanguínea, as artérias levam o sangue do coração para todos os pontos do corpo, de forma a levar às células as substâncias necessárias para funcionar, ou então, levando sangue venoso aos pulmões, de forma a libertarem o dióxido de carbono e vapor de água, recebendo em troca oxigénio, para ser levado para as células.
No entanto, se o sangue nas artérias movimenta-se através do bombeamento do coração, chegando aos capilares, ele tem que regressar ao coração. Esse regresso é feito através das veias.
No entanto, se alguma obstrução ocorrer nas veias, impedindo o normal fluxo sanguíneo, a pressão venosa aumentará. Isto irá fazer aumentar a pressão hidrostática, que é basicamente a pressão que o sangue faz sobre as paredes da veia.
Com a acumulação de sangue, e com o aumento da pressão hidrostática, irá ocorrer o extravasamento dos líquidos para os tecidos, provocando um edema. Um dos exemplos são varizes nas pernas, em que existe uma insuficiência venosa nos membros inferiores.
Além da obstrução da veia, esta acumulação de sangue pode também ocorrer devido a um funcionamento deficitário do coração, que não consegue fazer o sangue circular de forma adequada, fazendo com que o sangue se acumule nas veias. Como a maioria das veias leva o sangue no sentido contrário à gravidade, muito tempo em pé tende a piorar a situação, melhorando depois de algum tempo em descanso, com as pernas na horizontal.
3 – Outra situação que pode resultar em edema é quando o sangue diminui a sua viscosidade, devido à redução do nível de proteínas no sangue. O nível de viscosidade no sangue é também chamado de pressão oncótica, que irá ter uma ação oposta da pressão hidrostática. Assim, com a diminuição da viscosidade do sangue, a pressão oncótica também diminui, favorecendo a fuga de líquidos para o espaço intersticial. Desta forma, numa situação normal, há um equilíbrio entre a pressão oncótica e hidrostática, que impedirá o extravasar dos líquidos.
Quando esse equilíbrio desaparece, um edema é formado. Se começar a sofrer de uma doença que altere a concentração de proteínas no sangue, como por exemplo a síndrome nefrótica (Leia: Proteinúria, Urina Espumosa – Causas, Tratamento, Tipos e Síndrome Nefrótica), a pressão oncótica diminuirá, formando-se edemas. Como este problema irá afetar todo o sangue, este edema será generalizado.
4 – Por vezes, no decorrer de um câncer, obesidade mórbida (Leia: Obesidade e Síndrome metabólica), ou ainda, devido a alguma cirurgia, nomeadamente a retirada de gânglios da zona das axilas ou uma mastectomia, ocorre uma obstrução nos vasos linfáticos, que irá provocar uma acumulação de linfa. Esta acumulação acabará por extravasar para os espaços intersticiais, formando-se um edema. Este género de edema é mais raro que os restantes.
Causas dos Inchaços e Edemas
Como vimos atrás, há várias causas possíveis para a formação de um edema, estando principalmente relacionados com a diminuição da pressão oncótica, aumento da pressão hidrostática, aumento da permeabilidade das paredes dos vasos sanguíneos, e por fim, e menos comum, devido à obstrução de vasos linfáticos. De seguida, apresentamos as doenças que podem provocar estas situações, que resultam em edemas.
As doenças que provocam a diminuição da pressão oncótica são: doenças crónicas, síndrome nefrótica (Leia: Proteinúria, Urina Espumosa – Causas, Tratamento, Tipos e Síndrome Nefrótica), e doenças hepáticas, entre as quais a cirrose. Uma nutrição desequilibrada pode também causar esta diminuição.
A doença hepática grave (cirrose) resulta de um aumento na retenção de líquidos. A cirrose também conduz a níveis reduzidos de albumina e outras proteínas no sangue. A síndrome nefrótica pode resultar em edema grave nas pernas, e às vezes edema no corpo inteiro (anasarca).
As doenças que provocam o aumento da pressão hidrostática são: insuficiência renal (Leia: Insuficiência Renal Crônica), insuficiência cardíaca (Leia: Insuficiência Cardíaca – Tratamento, Causas e Sintomas) e insuficiência venosa, e ainda, a trombose venosa. Quando o coração enfraquece e bombeia o sangue de forma menos eficaz, o fluido pode acumular-se lentamente, gerando edema nas pernas. Se o acúmulo de líquidos ocorrer muito rapidamente, pode ocorrer um (edema pulmonar). A gravidez pode também causar este aumento da pressão hidrostática.
Edema e Gravidez: O inchaço nas pernas leve é bastante comum durante a gravidez. Isto acontece devido a um aumento no volume de sangue durante a gravidez e na pressão do útero quando em crescimento. No entanto, existem algumas complicações graves que podem ocorrer durante a gravidez, como a trombose venosa profunda e pré-eclâmpsia (toxemia gravídica), que também podem provocar edema. (Leia: Eclâmpsia e Pré-Eclâmpsia – Sintomas, Tratamento, Causas, Riscos, e Exames de Diagnóstico).
As doenças que podem contribuir para aumentar a permeabilidade das paredes dos vasos sanguíneos são: inflamação, sepse, reação alérgica, e ainda, em casos de queimaduras graves.
Por fim, as doenças que podem causar a obstrução dos vasos linfáticos são: cancro (câncer), obesidade mórbida, elefantíase, e ainda, hipotireoidismo grave. A retirada dos gânglios linfáticos, principalmente na zona das axilas, também poderá causar essa obstrução.
Edema cerebral
Este trata-se de um Inchaço no cérebro que pode ser causado por um traumatismo craniano, baixos niveis de sódio no sangue (hiponatremia),tumores cerebrais, ou uma obstrução na drenagem dos líquidos (hidrocefalia). Dores de cabeça, confusão e perda de consciência podem ser sintomas de edema cerebral.
Medicamentos que causam inchaço
Existem vários medicamentos que podem causar edema, incluindo:
– AINEs ou NSAIDs (anti-inflamatórios não-esteroides) Ex: (ibuprofeno, naproxeno) (Leia: Anti-Inflamatórios – Como Funcionam, Ação e Efeitos Colaterais).
– Bloqueadores dos canais de cálcio
– Corticosteróides (prednisona, metilprednisolona)
– Pioglitazona e rosiglitazona
– Pramiprexole
Edema idiopático
Por fim, iremos ainda abordar um tipo de edema, muito comum, denominado edema idiopático. Ele tem este nome pois são edemas dos quais não se conhecem as causas. Afeta mulheres em idade adulta, entre os 20 e os 50 anos, e que normalmente estão a realizar uma dieta de emagrecimento.
Pensa-se que o facto de haver bastantes restrições alimentares altere a concentração de vários nutrientes no sangue, que desequilibrará a tal relação entre a pressão oncótica e hidrostática. No entanto, estudos recentes indicam várias outras possíveis causas, tais como a secreção de hormonas, que têm a capacidade de reter água e sal, permanência prolongada em pé, funcionamento incorreto da circulação venosa e linfática, e ainda, problemas psicológicos ou de estresse, que desregulam a produção de hormonas femininas.
Tratamento
Tendo em conta que um edema tem uma origem por trás, para tratar o inchaço deve-se começar por corrigir essa origem. Depois, de forma a contribuir para o desaparecimento do edema, deve-se tomar medicamentos diuréticos (Leia: Diuréticos – Tipos, Efeitos Secundários, Para Que Servem e Como Funcionam) que ajudarão o corpo a libertar a água em excesso. Quando a acumulação de líquidos é demasiado grande, podem ser feitas algumas sessões de drenagem linfática, sendo apenas necessária anestesia local.
Tal como referido o tratamento do edema, muitas vezes significa o tratamento da causa subjacente a esse inchaço. Por exemplo, as reacções alérgicas que causam edema podem ser tratadas com anti-histamínicos e corticosteróides. O edema resultante de uma obstrução no escoamento de fluido pode ser tratado, por vezes, ao eliminar essa obstrução:
– Um coágulo de sangue na perna é tratado com anticoagulantes.
– Um tumor que está a obstruir um vaso sanguíneo ou linfático pode por vezes ser reduzido em tamanho ou eliminado através de cirurgia,quimioterapia ou radioterapia.
Um edema no pé relacionado com insuficiência cardíaca congestiva ou doença hepática, pode ser tratado com diuréticos, como referido acima, Ex:furosemida (Lasix). Quando a saída de urina aumenta, mais fluido escoa para a corrente sanguínea. Manter alguma restrição de sódio (sal) na dietatambém irá ajudar a limitar a retenção de líquidos associada á insuficiência cardíaca ou doença hepática.
Fonte: Especialista24.com